Amanita é tudo a mesma coisa?

Indo direto ao ponto: não.

Amanita consiste um conjunto de espécies de macrofungos do gênero Amanita, que abrange cerca de 600 espécies (!), pertencentes à família Amanitaceae, da ordem Agaricales.

Assim como a Amanita muscaria, de chapéu vermelho com pintinhas brancas, existem espécies de amanitas com chapéus em tons de laranja, branco, amarelo, marrom... Também, além da coloração, outros aspectos morfológicos, menos nítidos, também podem se fazer presentes. E o mais importante: na interação com o organismo do ser humano, seus efeitos, a depender da espécie, forma de consumo e dosagem também irão variar, indo de um simples alimento, passando pela manifestação de propriedades medicinais, revelando aspectos enteógenos e efeitos psicodélicos, até a intoxicação com óbito.

Veja, abaixo algumas das principais espécies do gênero Amanita:

Amanita muscaria

Ele é a nossa queridinha e motivo de ser do Bosque das Amanitas. Também conhecida como Agárico das moscas, Fly agaric, mukhomor, wapak, cogumelo do Mário, entre tantos nomes.

Amanita muscaria é provavelmente o enteógeno de mais antigo uso pela humanidade. Mas também usada como alimento, sendo consumida em conserva em algumas localidades do Japão, por exemplo. Amanita muscaria tem uma farmacologia que lhe confere também uma ampla gama de atuação sobre de atuação sobre o corpo humano, sendo administrada como medicina para diferentes fins nas mais variadas épocas e culturas.

Amanita muscaria var. alba

A Amanita alba possui morfologia idêntica a Amanita muscaria "original", porém sem a presença da cutícula vermelha, que caracteriza sua irmã famosa.

Amanita Rubescens

Chamada popularmente de amanita vinosa, amanita americana, blusher mushroom... por possuir um suave traço de tons rosáceos, acentuados pelo oxidação ao corte de sua "carne". Amanita rubescens se destaca entre suas primas pela amplitude de condições climáticas que a favorece para a formação de seus corpos frutíferos (cogumelos), ocorrendo, com exceção dos períodos maus austeros do inverno e verão, praticamente o ano inteiro.

Embora apresente alguma toxicidade, essa é volátil, sendo eliminada e tornando a Amanita rubescens própria para o consumo após o cozimento. Motivo pelo qual é coletada e apreciada por muitas pessoas.

Amanita pantherina

A amanita pantera é também conhecida no hemisfério norte como false blusher, devido à semelhança que alguns indivíduos da espécie podem apresentar com Amanita rubescens, causando dificuldade de diferenciação visual para quem a coleta.

Esse é um tipo de amanita com alguma toxicidade e que possui grande potência enteógena, devido a sua alta concentração de ácido ibotênico e muscimol, duas substâncias psicoativas também presentes na Amanita muscaria, ainda que de forma mais branda.

Amanita phalloides

Se você já ouviu falar na Cicuta verde, Rebenta-bois ou Chapéu da morte, provavelmente também ficou sabendo do efeito devastador das toxinas desse perigoso cogumelo. Seu consumo pelo ser humano geralmente leva à morte.

Amanita caesarea

A Amanita real, Sol da terra ou Amanita dos césares, devido à sua destacada posição de iguaria na época do Império Romano. É um cogumelo comestível e de elevado valor comercial, que, à princípio não se encontra no Brasil. Frequentemente coletado em estágio inicial de formação do corpo frutífero, em aparência que se assemelha a um ovo. Esse tipo de prática, anterior à dispersão de esporos (sementes) no ambiente, a finalidade primordial de um cogumelo, tem impactado também sua ocorrência, tornado-o raro nos dias de hoje.

Acima, conhecemos um pouquinho de 5 espécies diferentes de amanita,além da nossa rainha Amanita muscaria. Como mostramos ao início desse conteúdo, trata-se de um gênero muito amplo e que requer treinamento e, muitas vezes, equipamento diferenciado para a correta identificação da espécie em questão. Um grupo de cogumelos fascinante e características tão diversas que certamente convida a horas de estudo!